Ampliar a visão sobre a História social linguística do Brasil
Na aula de História do dia 10 de setembro, a historiadora Nadjane Pereira, trabalhando com a formação do Estado brasileiro, nas turmas de oitavo ano, convidou o linguista histórico Matheus Oliveira (professor de Redação do ensino médio da escola) para falar sobre como a língua e as questões que lhe subjazem ajudaram a estabelecer o Estado no nosso país. Se, por um lado, o Brasil é festejado como um país de uma suposta incrível unidade linguística, por outro, é preciso problematizar que não somos um país monolíngue. Há, hoje, segundo o IBGE de 2010, quase duas centenas de línguas indígenas e dezenas de línguas de imigração sendo faladas no Brasil como línguas maternas (isto é, ainda que poucos, há quase 4 milhões de brasileiros que sequer falam português). Uma rápida “olhada” para a História nos mostra que, na chegada de Portugal, havia, pelo menos, segundo Aryon Rodrigues, 1500 línguas indígenas sendo faladas aqui. Com o crescimento sempre vertiginoso de mão de obra escrava africana, devem ter vindo ao Brasil centenas de línguas africanas, de diferentes troncos linguísticos, segundo a linguista africanista Margarida Petter. Isto nos mostra que a quase unidade linguística do Brasil (98% de nós, brasileiros, falamos português) foi alcançada por meio de um violento processo de glotocídios (matança de línguas – e, portanto, de culturas). A formação do Estado brasileiro (que teve sempre ao seu lado um projeto político homogeneizador) é tributária, em grande medida, de muitas violências simbólicas (nos termos de Pierre Bourdieu) com os nativos e com os africanos trazidos para cá. A aula foi bem recebida pelos estudantes e professores convidados e certamente serviu para ampliar a visão sobre a História social linguística do Brasil e sobre como a língua e a sociedade se imbricam em relações sociopolíticas indissociáveis.
Aprender assim é fácil!